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24 de fevereiro de 2016

Sua vida vale dez?





A competição nos move, se você olhar pro lado vai ver, em todo lugar, e a todo momento, as pessoas estão competindo pra ver quem é a melhor. Quem tem o melhor emprego, quem ganha o maior salário, qual projeto é mais elogiado, quem viaja mais , quem tem a vida social mais agitada.

A ideia de que precisamos ser superiores aos outros é tão forte que até coisas comuns se tornaram objetos de comparação. Supervaloriza-se suas próprias características pessoais e se considera tudo que é diferente como inferior. Você é mais novo que a maioria dos seus amigos? Eles são idosos e vão morrer cedo. É mais velho? Então eles são imaturos e inexperientes. Quem  gosta carnaval se gaba, com provas fotográficas em todas redes sociais, de ter ido em vários blocos de ruas e quem não, reclama descaradamente sobre a chatice dessa época do ano.

O motivo dessa olimpíada incessante de vidas comuns parece, no primeiro momento, algo natural,  uma predisposição histórica ligada à teoria da evolução, ou uma característica intrínseca da alma humana, no entanto, o motivo real têm uma causa social e bem simples: somos ensinados a competir.

Desde o jardim da infância, o aluno que mais segue os padrões preestabelecidos de comportamento e competência recebe prêmios.  Quem termina a lição primeiro desce antes pro parquinho, quem faz bagunça não sai pra brincar, quem tira as melhores notas recebe prêmios no fim do ano e uma menção honrosa no dia da formatura, os próprios pais entram na jogada,  afinal, se os seus filhos são os melhores, estes receberão todos os elogios dos professores,  e sempre é preciso que alguém de fora aprove os trabalhos que estamos realizando em nossas vidas.

Como consequências não sabemos fazer nada sem uma motivação palpável, um pote de ouro no fim do arco-íris, e passamos a vida nos preocupando em sermos melhores do que os outros, ao invés de sermos quem queremos ser.

Quando , ainda usando a analogia escolar, o professor diz que a matéria não vai cair na prova, fechamos o caderno com a cara emburrada e direcionamos nossa concentração para que filmes veremos no fim de semana, incapazes de pensar no proveito que é aprender algo novo.

Conforme crescemos as notas não aparecem mais em boletins, mas elas estão lá, matemática e história são trocadas por matérias como vida social, vida amorosa, estudos, emprego,  a sociedade te diz o que é um dez e você avalia sua própria vida, ignorando completamente o fato de que  o seu dez pode ser  - e provavelmente é  - outro.
O problema é que o objetivo da vida nunca foi tirar boas notas e  então, só há dois destinos possíveis, ou você  entra nessa competição  e luta por uma nota irreal, em  matérias que você nem escolheu cursar, ou, aceita que a escola já acabou e não há ninguém que possa te reprovar.

Precisamos aprender a tirar os olhos do pote de ouro  e aproveitar a jornada insana que é escorregar em um arco-íris.

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