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3 de abril de 2016

Júri


Meu palco é um monólogo, o que você vê, e o que você ouve, é só unidade. Meu espetáculo é silêncio,  e o que escuta, são ecos do vazio. Minha peça é escuridão, e  o que  eu enceno, é  a solidão.

  O que você não vê, são os demônios nas minhas costas e as correntes em minhas pernas. 

Do seu assento confortável você não ouve os gritos sufocados com o pano das cortinas.Embaixo da lona desse circo você desconhece a cor do meu céu e não percebe o passar dos meus dias.

Você não vê as feições por de trás das máscaras, nem aqueles que me passam a roupa para eu entrar em cena, não vê a cama e nem os monstros embaixo dela, sua cadeira está distante demais pra enxergar a pequenez de uma lágrima e você  distraído demais pra perceber o rio que ela forma. Você desconhece a mim por detrás do personagem que incorporo, você não vê nada, além do que eu mostro. 

Eu sei que julga os meus passos, pois soam.perdidos, mas você não vê o sangue da sola dos meus pés no chão.


Minha voz soa arrastada, mas você não ouve a rouquidão. 

Meus olhos parecem cansados, mas você não estava lá durante a noite pra  me ver revirar e perder para a  insônia. 

Meu roteiro é a dor, mas minha dor é poesia e você está perdido demais pra encontrar a rima.

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