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3 de janeiro de 2016

Onde estou?

Eu me perdi de mim, não sei em que momento ou por qual motivo, não sei se foi o movimento dos astros no meu mapa astral, não sei se foi a realidade que me assustou, ou esse medo de ser feliz que a gente tem toda vez que o tempo esfria, eu só sei que um dia eu não me vi em mim.

No começo eu não percebi, não reparei, depois achei que era uma fase e logo ia passar, e aí, quem passou fui eu. Em certo momento, achei que só tinha mudado, eu simplesmente não era mais a mesma, não sabia fazer as mesmas coisas e agir da mesma forma e eu só não era tão boa como acreditava, mas tinha um vazio, aquele buraco estava sempre lá e , por mais que tudo parecesse bem por fora, eu só enxergava cinza.

Então eu percebi, como um sopro e com um susto: fui abduzida!

Todo esse tempo eu não estava aqui, ainda que respirasse o ar, não podia sentir a brisa no rosto, ainda que caminhasse pelas ruas não sentia as pedras nos pés, ainda que lesse os livros, eu não entendia uma palavra sequer.

E assim fui vivendo, fui sendo sem nada ser, olhando os rostos, mas incapaz de reconhecer suas expressões, sentindo tudo que sentia, porém, incapaz de traduzir isto, não sentia nada, pois a vida toda foi assim, eu só sinto a medida que escrevo, eu só sou as palavras que grito ao mundo.

Agora me procuro, sozinha, pois assim que tem que ser, e em qualquer lugar, pois é assim que é. Me procuro sem me preocupar se estou na terra, ou perdida nas galáxias, em algum lugar do universo, e vou me achando aos poucos. Nas estrelas, nos cantos empoeirados, nas noites silenciosas, nos dias felizes, nas tragédias de jornais, nos sonhos e nas noites reais, nos seus sorrisos, nas minhas lágrimas, no sol, nos trovões, na televisão, no vento e na seca, em toda água do mar e nas gotas que caem do chuveiro.

É assim, em tudo e em doses homeopáticas, que eu me encontro em mim.

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