Estou escrevendo essa resenha ainda um pouco sensibilizada
pelos cacos que garotas de vidro deixou, é um trocadilho tosco, mas é
exatamente essa sensação que ele causa. O livro vai deixando cacos,
pedacinhos que você vai pisando e sofrendo um pouco, e esses pedacinhos são da
Lia.
A sinopse é suficiente para explicar a base do enredo, mas
não sobre isso que o livro trata.A história, narrada e primeira pessoa, é completamente sobre
a Lia, parece óbvio, mas o livro foge um pouco do estilo tradicional. Não é um
livro sobre a Lia fazendo x coisas e indo para y lugares, é um livro sobre a
cabeça dela, seus fantasmas, seus pensamentos completamente
obsessivos, sua doença. A própria frase na capa “A verdade nem sempre é o que
enxergamos” remete a uma ideia de mistério, mas é na verdade é sobre a forma
como a Lia enxerga as coisas, ela mesma, a relação com os pais e claro, os
acontecimentos com sua ex-melhor amiga.
Algumas resenhas disseram ser uma leitura difícil, mas acho
que isso é só pela escrita da autora ser tão incrível e pessoal, você realmente
sente e entende aquela menina. Pode ser um pouco confuso no começo, afinal você
está dentro da cabeça de uma pessoa jovem visivelmente perturbada e sem noção
da própria condição, às vezes não é possível saber o que é realidade e o que
não é, mas isso até você se acostumar com a leitura e entender que não é isso
que importa. E então você começa a amar a Lia, apesar dos pensamentos
completamente anormais dela, não se
torna irritante, e você só quer que ela fique bem.
Não tenho nenhum contato com pessoas com distúrbios alimentares, mas, em níveis menores, talvez seja esse tipo de pensamento completamente fora da realidade que temos toda vez que reclamamos do nosso corpo, por isso acho uma leitura interessantíssima e m pouco fora do comum, mas que vale a pena.
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