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8 de maio de 2016

Pulsante

Eu deixo sofrer, eu deixo morrer, porque, em cada parte da minha alma que apodrece dessa enfermidade fatal que são seus olhos, nasce uma rosa negra que eu uso como arma.


Você é a dor que eu escolhi deixar doer, você é o toque que eu nunca me deixei esquecer, e ainda que sem sentido, e ainda que sem motivo, eu carrego, nas costas, essas angústias juvenis de ser quem eu nunca fui, pra nunca me deixar esquecer o que eu sei fazer com a dor.

Eu jogo a responsabilidade de todas as minhas loucuras em cima da negritude dos seus olhos e da tua pele queimada de sol. Eu escrevi uma história  para cada olhar que você não me deu e para cada parte da tua carne que jamais me tocou, eu versei no vento, até rimei, para cada palavra que a gente jamais trocou.

Deixo doer, até hoje, aquele dia que, olhando nos seus olhos e sem saber para onde a gente ia, eu fugi.

Eu deixo sangrar, eu deixo aberta a ferida e, se fechar, deixo exposta a cicatriz, pra eu nunca esquecer essa história que eu nunca escrevi e me lembrar de completar as que ainda criarei.

Eu deixo chorar e deixo as lágrimas caírem para o mar, porque apesar do meu barco já ter passado, apesar de eu ter sobrevivido, um pouco morreu e, apesar das águas estarem bem mais calmas, eu ainda sinto falta da sua tempestade.

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