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28 de julho de 2015

Mito da Caverna

Viva! Não era uma comemoração, era um grito, uma súplica, um pedido de joelhos, Viva, por favor!

Um homem olha, com seus olhos vermelhos, sem compreender. Estou vivo, estou respirando.

Do outro lado existe alguém que sabe que não é verdade, a vida não se faz, não existe naquele mundo.

Ele já esteve ali, andando entre aqueles que o mundo finge não ver e, ele próprio, não via o mundo.

Preso por correntes invisíveis, mas impossibilitado de se soltar. O vício é uma areia movediça.

O mundo parecia melhor dentro daqueles muros, os efeitos alucinógenos entorpeciam os sentidos, criavam figuras inexistentes mais bondosas que as que ele conhecia, escondiam as angustias que se tenta, a todo custo, negar. Não existe a dor, não existe a doença, não existe o vazio, não existe a morte.

 Sem espelhos, não via a própria morte que existia em si. Os olhos vermelhos, a pele flácida, a alma vazia.

Um dia encontrou um caco de vidro que refletiu a própria imagem e aos poucos foi vendo pelas rachaduras. Dentro daqueles muros as figuras bondosas não entravam, as luzes não iluminavam, não existia a paz, não existia a calma, não existia o amor.

Desprendeu-se, arrastou-se para fora, carregando o peso de se negar hábitos antigos, por mais torturantes que eles fossem.

Vez ou outra entra nos muros pra dizer o que há lá fora.

O mundo não é doce, de fato, mas o amargo que tempera os dias é melhor do que o aguado gosto da vida pela metade.

Alguns não entendem uma só palavra, outros preferem ainda observar as sombras e não há nada a ser feito.

 Apenas nós possuímos as chaves de nossas próprias algemas.


Viva, por favor!

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